EU ESTAVA PENSANDO AQUI...

 

"O homem pensa e só por isso

ele é o senhor dos seres que

não pensam."

Buffon

 

 

Capítulo 371

 

Comodamente deitado na poltrona olhando o céu claro lá fora, ele deleita-se vendo as nuvens brancas, que, lentamente

parecem se mover,  formando desenhos no espaço azul.

Seus olhos com cílios pesados, fecham-se lentamente.

Mul... — a voz dela cessa, ao observá-lo de olhos fechados.

— Hum...?

Ela se aproxima mais:

— Ah, eu pensei que você estivesse dormindo, meu bem.

Ele lhe segura a mão:

— Scully, eu estava era pensando aqui... — para e sorri.

— No quê, Mulder?

— No modo como você me tratava antigamente.

— O quê? O que você quer dizer?

— Ah, você sabe... — dá uma risada e a faz sentar em seu colo — ...você me tratava com frieza!

— Como é...? Frieza?!

— Sim, porque, claro, você tinha muito cuidado comigo quando me acontecia algum mal, porém quando eu falava com

você algo assim... doce, você se fazia de desentendida.

— Ah, é isso! — ela ri e o beija no pescoço — Mas você não sabe é porque acontecia isso.

— O que você quer dizer, Scully? Havia um motivo?

— Sim, havia; claro! — exclama com ênfase.

Ele ergue o corpo, afastando as costas da poltrona.

— É que você falava comigo de um modo que eu considerava sem sentido...  — ela prossegue.

— ... sem sentido?  — interrompe.

— Exatamente, Mulder! Claro! — ela franze os lábios e faz um ar de desdém — Eu tinha certeza de uma coisa: você mentia

pra mim.

— Mas do que você está falando, Scully? Eu mentia pra você...?!

— Claro! Lógico! Evidente!

Ele a fita sem entender:

— Scully, de onde você tirou essa ideia?

Ela capricha no seu semblante céptico e não responde; fica examinando as unhas das mãos.

— Scully, estou falando com você!

— É que você, Mulder, era apaixonado, sim, mas não por mim.

— E o que a leva a pensar assim? Por acaso me viu com alguém?

— Não, não vi nada, mas era só no que você falava, pensava, imaginava...!

— Scully, para com essa história. Nunca demonstrei nada assim pra você!

Ela se levanta do colo dele. Gesticula falando:

— Aquele corpo aparentemente frágil...

— ... o quê?! Que é isso, Scully? De quem está falando?

— ... era assim, você deslumbrado por aquela... criatura... — pigarreia fazendo som na garganta...  — e querendo chegar

mais perto a cada dia...

Mulder. de corpo erguido na poltrona, quer entender o que Dana está explicando.

Ela continua fazendo gestos, como se interpretando uma peça teatral.

— Quer parar com isso, Scully? Chega dessa palhaçada! Não acontecia nada disso! Para!

Agora Dana encosta as mãos no peito. Suspira. Fita Mulder com seu olhar cor do céu, demonstrando o máximo carinho e

amor que pode revelar ao homem que está diante de si.

Mulder dá um suspiro de alívio:

— Chegou à conclusão de que está só falando besteiras, me acusando de tolices?

— Não, Mulder, eu só estava comentando que você vivia entregue aos desejos de encontrar...

— ... encontrar quem...?

— ... os alienígenas! — agora ela dá risadas, dobrando o corpo pelo divertimento que o assunto lhe havia causado.

Agora ele coloca as mãos no rosto, surpreendendo-se com o divertimento de sua amada.

— Não acredito, Scully! Falando essas besteiras o tempo todo!

Ela se aproxima:

— Enquanto o tempo passava eu, aqui dentro, ansiosa, só desejando cada vez mais um abraço aconchegante... um aperto

desse corpo seu assim tão quente...!

— Scully, você é demais! Como é que me engana com uma conversa desse tipo? — agarra-a com paixão — Não dá pra segurar...

— ... espera! Esta hora não dá para o que você quer, meu bem!

— Então pra que me provocou desse jeito, hein? — beija-a fervorosamente.

Nesse momento ouvem passos.

O casal avista o filho chegando.

— Pai! — William se aproxima, agitado.

O menino tem às mãos um caderno:

— Pai, me ajuda, por favor?

— O que você quer, filho?

— Estou fazendo um trabalho que é sobre os seres viventes que podem existir no planeta Marte.

Ahn...?! — ele levanta as sobrancelhas e arregala os olhos — Oh, não! De novo não!!

Dana dá risadas incontidas.

 

"O riso é o melhor

tônico do mundo."

Lady Maud Warrender