TODO O PASSADO
"É
conveniente interrogar o passado, porque
a sua
resposta será proveitosa à nossa
experiência."
Young
Capítulo 379
Mulder,
de modo decidido, resolve contar ao filho todo o passado em sua vida quando
ainda um bebê.
Volta-se
para Dana:
—
Nosso filho precisa saber de tudo.
Ela,
com as duas mãos sobre a boca, tensa, faz um gesto positivo com a cabeça.
Mulder
prossegue, então:
—
Filho, o caso é tão complicado e grave, mas acredito que você vai entender e
compreender o drama pelo qual passamos eu e sua mãe.
—
Fala, pai. Estou mesmo querendo saber tudo.
—
Você estava com poucos meses de vida, quando um homem tentou sequestrá-lo. Sua
mãe o matou, ali mesmo, naquela hora, junto a seu berço.
—
Sem dó, nem piedade! — diz a mãe, com o rosto angustiado.
—
Depois desse terrível acontecimento, uma mulher armada, fez parar o carro onde
você estava sendo levado por três amigos nossos. Um dos Agentes,
nosso colega, foi ferido, quando tentou
resgatar você.
—
Tá certo; estou entendendo o sequestro; mas o que tem isso a ver com eu ter
sido doado a outra família?
—
Calma, filho; espera. — o pai apoia a mão no joelho do filho, apertando, para
convencê-lo a esperar a continuação de sua narrativa.
—
Não gosto de relembrar toda essa fase angustiante, Mulder! — queixa-se Dana.
Ele
se volta para fitá-la com amor e a acarinha na face.
—
Mas vou prosseguir, Scully. — dirige o olhar para o filho — William, o homem
que tentou sequestrá-lo, contou à sua mãe...
—
... eu falo, Mulder. — diz ela, convicta, mesmo com a voz entrecortada pela
angústia que está sentindo — O homem me contou que você seguiria
os
passos de seu pai, que estava sendo considerado morto e que você iria tentar
impedir a volta dos alienígenas à Terra.
—
Eu...? Fazer isso?! — os olhos do menino
se arregalam.
Dana
o abraça com calor:
—
Filho, essa foi a fase pior de toda a minha vida... eu não tinha você, nem seu
pai... foi horrível e eu não conseguia mais...
—
... espera Dana, deixa eu concluir o caso; nosso filho precisa saber de todos
os detalhes.
— Todos...?
— ela pergunta, com semblante preocupado.
—
Exatamente! William logo ele tornará adulto e...
—
... isso, pai! Isso mesmo! Preciso saber de tudo que se passou, enquanto eu era
apenas um bebê.
Mulder
afaga os cabelos do filho:
—
Escuta bem meu filho e guarda minhas palavras; o que vou falar é muito sério.
—
Pode me dizer, pai.
— O
sujeito que tentou sequestrá-lo disse que você teria...
—
Mulder! — Dana tenta interrompê-lo.
Ele
lhe afaga o rosto:
—
Calma, Scully, calma!
Ela
cobre o rosto com as mãos, enquanto ouve ele relatar o caso.
— O
homem disse que você teria que morrer, porque senão...
—
... senão...? — William quer saber.
—
... toda a humanidade pereceria na Terra.
— O
quê? — o jovem se levanta — Como é...?
Os
pais o fitam com carinho.
—
Mas veja só, William, nada disso teria ou poderia acontecer.
—
Por que não? Existem religiões aí que sacrificam crianças!
—
Sei disso, meu filho, mas na religião daquelas criaturas, esse caso
significaria uma profecia para suas crenças.
Dana
se levanta. Abraça o filho:
—
Não quero que fique pensando mais nesse problema. — começa a chorar — Eu sofri
muito, meu filho... sofri muito!
—
Entendo, mãe... por isso me doou a uma família?
A
mãe o aperta mais em seus braços:
—
Foi isso, filho. A perseguição era intensa e eu não sabia mais como fazer para
terminar aquilo tudo.
— E
nós não deixaríamos você entregue nas mãos daquelas criaturas malignas,
William. — conclui o pai.
Agora
o menino joga o corpo no sofá; está olhando para o espaço à sua frente:
—
Pai... mãe... entendo agora a situação de vocês.
—
Você nos perdoa, William? — o pai quer
saber.
—
Sim!! — ele abraça os dois; beija um e outro.
Repentinamente
Vivien aparece:
—
Will, vem aqui! Corre!
O
menino se volta para olhar a irmã.
—
Anda! Vem logo! — a irmã insiste, muito sorridente.
William
sai do ambiente, deixando os pais.
Dana
e Mulder se entreolham:
—
Por que você está com esse olhar tristinho?
—
Fico preocupada, Mulder; não sei o que nosso filho vai ficar pensando, a partir
de agora.
Ele
a abraça com calor.
—
Esqueça, Dana. Nosso filho nos ama e é amado como precisa; jamais iria nos
odiar por causa desse problema do passado tão angustiante para nós.
Ouvem
as risadas dos filhos lá fora.
Algo
divertido está acontecendo e por isso as gargalhadas estão sendo ouvidas neste
instante.
"O medo
de um acontecimento
é sempre mais
insuportável que
o próprio
acontecimento."
Voltaire