NOSSO FILHO É INTELIGENTE
"Modelar
uma estátua e dar-lhe vida é belo;
modelar uma
inteligência e dar-lhe verdade é sublime."
Victor Hugo
Capítulo 384
Da janela Dana pode ver o céu azul, as nuvens como
pedacinhos de espuma, lentamente se movimentando no espaço.
Lá, muito distante, a alta e extensa montanha mostra,
por causa do sol, todos os detalhes das pedras que a formam.
Dana respira profundamente. Havia dormido muito bem;
está se sentindo cheia de energia. Desvia o olhar para o lado.
Observa o desenho do perfil do seu amado; lábios
carnudos, nariz bem recortado na face.
— Huuuum...!
Ela ouve e se volta para olhar.
— Dana...?
— Adoro quando você me chama assim.
— Já me falou isso. — ele sorri — E que tantas
piscadas são essas?
— O quê...?
— Você está piscando demais, olhando pra mim!
— Eu...?
— Sim, Dana.
— Bem... é que estou...
— Deixa eu explicar: tremelicar os olhos é sinal de
que você está perturbada com a minha pergunta.
— Ah!Ah!Ah! — ela dá risadas.
Agora é ele que se remexe na cama, rindo demais.
— Isso que você falou é ainda sobre...
— ... psicologia...? Sim!
— Nossa! Que coisa, Mulder! Mal acordou, e já está
falando nisso!
— Mas como você me havia incentivado ontem, amanheci
com o pensamento voltado para esse assunto.
— É difícil aguentar não ficar agarrada a você. — ela
volta o corpo para o dele.
Ele a aperta contra si.
Mulder agora estende o braço para alcançar uma revista
que está sobre a mesinha de cabeceira.
— Revista das crianças, né?
— É do William, Mulder. Ele é que tem tendência a
gostar de assuntos estranhos.
— Como estranhos...?
— Assim diferentes dos assuntos comuns.
— Nosso filho é inteligente, Scully.
— Igual ao papai dele.
Ele ri, lhe dando uma bitoca na ponta do nariz:
— A primeira revista do mundo foi publicada em alemão
em 1663 por um teólogo e poeta em Hamburgo.
— Interessante. Agora sou eu que vou falar algo. E
você sabe que são as células que criam e mantém dentro de nós nosso
desejo de viver e sobreviver?
— Sério...?
— Sim. Todos os seres vivos são compostos por células.
— Claro: isso eu sei. Quando descobriram a existência
delas?
— Em 1665 um naturalista inglês estava analisando
fatias finas de cortiça, num microscópio.
— A doença é diagnosticada através das células.
— Isso mesmo. A célula é reconhecida como unidade
fundamental da vida. A doença passou a ser definida como funcionamento
anormal da atividade celular. Daí, com o salto
científico importante na descoberta do DNA a teoria celular abriu novas
possibilidades
nos campos da teoria da
evolução, da medicina e da microbiologia.
Mulder se levanta da cama.
— Já vai levantar, Mulder? Está tão cedo...!
— É que agora minhas células querem é saber de se
expandir, relaxar, zoar, fazer coisas que agradam a quem está ao meu lado...
— ... hum...legal.
— Bom dia, Scully. — levanta os braços, esticando-os o
máximo.
"É
uma doença natural no homem acreditar
que possui a verdade."