DESEJO
"Nunca
estamos mais longe de nossos
desejos que
quando imaginamos
possuir o
desejado."
Goethe
Capítulo 386
O calor que emana de seus corpos os faz sentir cada
vez mais o desejo tomar conta de seus sentidos.
— Huuum... Mulder, preciso
tanto de você a cada dia...! — sussurra, entre suspiros.
— A cada dia, hora, minuto, segundo, precisamos
daqueles que fazem parte de nossa vida, Scully.
— Entendo...
— Fico sempre lembrando do tempo em que nos
conhecemos; e depois, a cada dia, eu verificava seu modo de ser.
— Meu modo de ser...?
— Claro!
— E como sou eu?
Ele a puxa para junto de si; sente o calor do seu
corpo.
— Quando estávamos conversando você...
— ... eu o quê...?
— Você sempre cruzava os braços na frente do corpo.
Então esse gesto quer dizer: não entre neste meu espaço.
— Hum... como você inventa...
— ... inventei alguma coisa? Isso faz parte da psicologia.
— Hum... hum...! — murmura, movimentando os cabelos
para trás.
— E por que você está nervosa?
— Eu...?! Nervosa...?! De jeito nenhum! Que ideia é essa?
Ele a fita, fazendo um bico com os lábios:
— Claro que está. Acho que é porque estou lhe fazendo
lembrar como é, realmente, sua personalidade.
— Mas meu bem, eu não estou nervosa! — protesta.
— Claro que está! Você está passando as mãos toda hora
pelos cabelos e piscando muito.
— Ai, Mulder...! — ela sussurra.
— Eu bem sei; você ficou impressionada com aquela
minha conversa de que estão criando histórias sobre nossa vida,
mostrando que estamos separados.
Ela aperta o rosto sobre o peito dele:
— Talvez seja!
— Eu sei, Scully. Não se deixe levar por essa má
impressão. Afinal de contas, a realidade de nossa vida somente nós sabemos.
Dana fita fixamente os lábios dele, vendo-o proferir
as palavras.
— O que houve? Não está entendendo o que estou
falando?
— Claro que entendo, Mulder!
Ele a segura pelos ombros; fita-a com carinho e sorri
— Scully, é só pra lhe dizer que... — dá uma risada, levantando a
cabeça, olhando para cima — ... quando se olha
fixamente os lábios de alguém com quem se está dialogando, é sinal de que
há dificuldade de entender o que o outro fala. Essa é
uma razão.
— Entendo; mas não é o meu caso, acredite; mas tem
outro motivo muito mais importante.
— Mesmo...?
— Sim.
— E acredito que é isso que está acontecendo.
— E eu vou lhe dizer, Mulder; é que enquanto você
fala, eu fico fascinada por sua boca, sua voz...!
— Sim, amor; é isso que acontece também quando alguém
olha fixamente para os lábios de seu interlocutor: existe intenção
amorosa; é um gesto de sedução.
— Hum...!
Ele introduz os dedos frementes no decote da roupa
dela, movendo-os através de sua pele clara e quente.
E Mulder a toma nos braços, a levando em direção da
cama, que, ainda desarrumada, o faz sentir que aquele lugar os
deixará completamente realizados naquele momento em
que poderão sentir o intenso amor que existe entre eles.
"Simplicidade
é a
realização
máxima."
Chopin