NÃO CHORA...!

 

“Se os olhos são o espelho da alma, quando

se chora é porque a alma foi vítima de uma

inundação.”

Commerson

 

CAPÍTULO 390

 

— Vou agora mesmo. — fala Mulder.

— Fazer o quê...?  — ela pergunta aflita, apertando uma mão na outra.

— Vou pegar o carro e rodar até achar nossos filhos.

— Eu vou com você!

— Não! E se chegarem antes da gente, como vão entrar...?

— William levou a chave dele, Mulder.

Ele sacode a cabeça positivamente e chega até um móvel, para apanhar as chaves do carro.

— Vamos então, Scully.

Os dois saem, fechando a porta, aproximando-se do carro.

Entram no veículo.

Mulder tenta dar a partida no motor, que não dá sinal de que está ligado.

— Não acredito...! — fala Dana, levando a mão à testa, fechando os olhos, baixando a cabeça.

— Algum problema, mas vai ter que funcionar.

Ele tenta novamente dar partida no motor.

— Nada, ainda! — ela levanta a cabeça — Meu Deus! O que é isso, Mulder?

Ele nada responde e continua girando a chave, tentando fazer funcionar o carro.

Em dado momento o ruído, mostrando que tudo está normal com o motor, faz Mulder dar um profundo suspiro.

Ele abre um sorriso e olha para Dana:

— Que foi, Lindinha...? — nota-a com os olhos cheios de lágrimas — Não chora... está tudo normal, ? Vamos acreditar, ok?

— faz um carinho no rosto dela.

***

As horas passam rápidas, sem que nada tenha sido resolvido.

— Mulder, eu não agüento mais! Não agüento mais! — Dana diz em prantos.

— Scully, nós vamos encontrar nossas crianças. Eu tenho certeza.

— Mas olha... — fala soluçando — Já estivemos na casa de três de nossos amigos! E aí...?

— Eu sei que eles sempre procuram a casa de Smith, Taylor e Harrison, para se divertir com  os amiguinhos, mas alguma coisa

ocorreu; eles não foram até lá.

Dana, com as mãos cobrindo o rosto, chora muito.

— Você já ligou para o celular de William?

Ela balança negativamente a cabeça.

— Ora, mas por que não...? — pega o aparelho no bolso e faz a ligação.

Ela o observa, com ar desesperado.

Ele esmurra o volante, demonstrando nervosismo.

— Não atendeu...? — ela pergunta.

— Não. — novamente dá partida no motor do carro — Vamos sair daqui.

Dana deixa a cabeça cair sobre as pernas.

Após dirigir por alguns minutos, Mulder freia o veículo:

— Scully, não sei mais  para onde seguir. Estou completamente...

Ela suspende o corpo que ainda estava arriado sobre os joelhos. Fita-o com o semblante torturado pelo desespero.

Novamente Mulder fala:

— Já fomos nas casas dos amigos, já estivemos em três praças daqui; vasculhamos ruas; onde poderão estar nossos filhos...?

Ela consegue balbuciar:

— Em alguma loja...?

— Fazendo o quê...?

— William gosta de comprar as coisas que ele gosta...

— ... ah, é.

Dana dá um suspiro profundo e dobrado.

— Meu Deus...! — murmura — Mulder...

— ... o quê...?

— Fico pensando aqui sobre essas histórias estranhas sobre ... — ela faz pausa, com dificuldade para falar, por causa do choro

que recomeça.

— Sobre o que você quer dizer?

— Aquela louca história de que nós não temos nosso filho, somos separados...

Ele lhe cobre os ombros com um braço, aconchegando o corpo para o dela:

— Não fica mais pensando nisso, Scully. Em qualquer situação, com qualquer pessoa, essas coisas inventadas podem acontecer.

Nós ficamos famosos por causa do nosso trabalho no FBI, então... — ele a beija na face, afagando-lhe os braços — os que inventam

essas histórias, fazem filmes, séries, sei lá mais o que... e assim ganham dinheiro.

Dana continua em lágrimas.

Mulder ergue a cabeça para o alto. Fecha os olhos; permanece assim por alguns segundos.

Logo após, novamente dá partida no motor, para o veículo entrar em movimento.

— E agora, Mulder...? O que faremos?

— Não sei... — suspira — não sei! Difícil saber o que faremos agora.

— Não temos mais onde ir...! Oh, meu Deus!! — ela pega o celular e mais uma vez liga. — Continua sem atender, o nosso filho!

CONTINUA...

“A única coisa que sei

é saber que nada sei.”

Sócrates