O RUÍDO DE
RISADAS
“O riso é o melhor tônico do mundo.”
Lady Maud Warrender
Capítulo 392
Seus ouvidos
captam cada vez mais o ruído de risadas sem parar.
— Nossos
filhos, Mulder! São eles! — ela exclama.
— Sim! São
eles!
E prosseguem
seus nervosos passos em direção ao que ouvem.
Mulder para à porta da saleta.
William e Vivien frente à tela da TV sorridentes e torcendo com
entusiasmo, cada qual seu projeto em ganhar o jogo no vídeo game.
— Não é
possível isso! É agora que vou dar-lhes uma lição. — fala Dana, irada.
Mulder a
impede de entrar, segurando-a pelo ombro:
— Não! Não!
Deixa pra lá!
— Como...? —
ela se surpreende — Não posso repreendê-los?
— Não faça
isso. Na verdade nós é que estávamos apavorados, sem nos certificarmos do que
realmente estava acontecendo.
— Mas
Mulder...
— Calma, Scully...
—
... sofremos demais esse tempo
todo!
— Sim! Eu
sei! Mas...
— Mas...?
— É nosso dever, como pais conscientes que somos, tratar do
caso com carinho e amor e não os deixar desnorteados.
Dana se
aproxima mais dele; está emocionada:
— Mulder...
— fala com dificuldade
— ... eu... nem
consigo falar porque... — soluça — ... estou feliz por ver meus filhos aqui em casa e... você
me ensinando com
esse...
—
... calma, Scully.
—
... não! Deixa
eu falar! Você me ensinando a chamar a atenção dos nossos filhos... com carinho.
— Sim. É
assim que tem que ser. Nada de tratá-los com grosseria.
Ela se
aperta nos braços dele.
Vivien se volta para trás e vê os pais ali e grita,
entusiasmada:
—Pai! Estou
vencendo tudo!
— Ah, não
exagera, minha irmã! Você está aprendendo agora. — fala o irmão.
Mulder se
aproxima dos dois.
Dana, contendo
as lágrimas e a vontade de repreendê-los fortemente, se aproxima também, mas
mantendo-se atrás dele.
—
Crianças... — o pai se curva para junto do filho — ...
por que não nos avisaram que já haviam chegado em
casa, ahn?
— Sabe, pai,
eu vi numa loja um jogo que estávamos doidos pra ter e
daí voltamos pra casa... — começa William.
—
... pra começar logo o jogo,
pai! — conclui a menina.
Mulder se
agacha junto aos filhos:
— E sabem o
que aconteceu?
— O que
aconteceu, pai? Algo ruim?
— Sim! Algo
terrível! — exclamou Dana chorando.
Os filhos se
levantam das cadeiras e correm para abraçar a mãe.
— O que houve, mãe?! — pergunta William.
— Mãe
querida, me conta! — pede Vivien.
Agora a mãe
se desfaz em lágrimas, agarrada aos filhos.
Mulder se
aproxima:
—E aí...?
Eu, seu pai... fico aqui, curtindo o problema sozinho?
— Vem cá,
pai! — grita Vivien.
E os quatro
ficam ali, abraçados, enquanto Dana e Vivien choram, emocionadas.
Em certo
momento se separam.
— Mas me
digam... o que aconteceu de tão grave, mãe? — pede o
rapazinho.
Mulder
aperta os lábios, fitando os filhos:
— William,
você já é um rapazinho ciente de que precisa ter responsabilidade,
consciência...
—
... sei pai! Eu sei! Você está
querendo dizer que sou culpado de alguma coisa...? Então minha mãe está
chorando assim por que fiz algo errado?
— Sim,
William! — fala a mãe — Fiquei angustiada porque não conseguimos contato com
vocês e aí...
O filho a
aperta contra si:
— Me perdoa, mãe! Eu não imaginava que havíamos causado tanto
transtorno!
A menina
também se abraça aos dois:
— Mãe, eu
sou culpada, mãe! Me perdoa! Eu é que insisti para meu
irmão comprar o jogo e voltar para casa rápido! Me perdoa,
mãe! — fala
chorando.
— Tentamos
falar com vocês e não atenderam nossas chamadas, meu
filho. — explica Mulder.
— O celular
está descarregado, pai. É isso.
Mulder, com
as mãos, faz um gesto de que o transtorno teve fim.
— Vamos lá,
pessoal! Agora está tudo certo! Que temos que fazer agora?
Dana, após
se sentir solta dos braços dos filhos, com o rosto molhado pelas lágrimas da
emoção, diz:
— O que
temos que fazer agora é todo mundo lavar as mãos, porque vamos para a mesa
comer os “mil folhas” que havíamos comprado para o
lanche!
Um tumulto
ocorre neste momento com todos se ajeitando para seguir o que Dana havia
falado.
Ela fita os
olhos de Mulder, como um gesto de agradecimento por tê-la ajudado naquela
repreensão a seus filhos e murmura baixinho:
— Te amo!
“Somente as pessoas superficiais necessitam
anos para livrarem-se de uma emoção.”
Oscar Wilde