NOSSA!
NÃO IMAGINAVA!
“A
imaginação tem sobre nós
maior força que a realidade.”
La Fontaine
Capítulo 397
— Sabe que agora você me fez lembrar a
ocasião que nos conhecemos, Mulder? — fala, acariciando os cabelos dele.
— E eu, Scully, vendo aquela papelada sem
fim naquela mesa, bem ouvi a batida na porta... uma
batidinha assim... um tanto...
— ... o que tá
querendo dizer...?
Ele dá uma risada e, como está sentado ali
na beira da cama, se joga no colchão:
— Não tem ninguém aqui! Só os imprestáveis
do FBI!
Dana se joga na cama também:
— Aí eu falei: oh, meu querido
imprestável... — põe a mão no peito dele — ... e essa sua gravata aqui fora do lugar...
Ele a agarra, passando a mão nas costas dela
e fazendo-a virar-se:
— Sabe o que estou vendo aqui, Scully?
— Não; o quê?
— Nossa! Não imaginava que você tinha isso
em sua pele!
— Mas o que você tá
vendo aí, Mulder? Me fala! — ela está assustada.
— Por que você não me falou que está com
esse negócio aqui...? — desliza os dedos sobre a pele dela — Você sente alguma
ardência
neste local, Scully?
— Não, não! — continua assustada.
— Está bem avermelhado... aliás
quase arroxeado.
— Meu Deus!
— Sua pele está arrancada.
— O quê...? Mulder tira uma foto aí, para
que eu veja o que é!
Ele continua a deslizar os dedos nas costas
dela.
— Tira a foto, Mulder! Por favor! — quer se
levantar para apanhar o celular, mas ela a impede.
— Não, Scully; é... um
caso um pouco grave.
— Ahan...?
— Sim... é... você me falou que...
— ... falei o quê...? — não está entendendo.
Ele a faz se voltar para ele:
—Você me falou que sua pele foi arrancada
por eles.
— Eles quem, Mulder? Não falei nada disso!
— Falou sim. Foi arrancada por mordidas de
mosquito.
Agora ela desaba as costas na cama, dando
risadas.
— Mordidas de mosquitos! — repete, às
gargalhadas.
Diante dessa atitude do amado, Dana chega à
conclusão de que está sabendo a realidade do que ele está falando há minutos.
— Mulder...! Seu danadinho! Agora eu sei o
que significa toda essa história.
— Que história...?
— Não adianta querer me enrolar mais, Mulder!
Você estava lembrando aquele nosso primeiro encontro.
Agora ele a faz achegar-se a ele:
— Scully e naquela ocasião ficamos ali
naquele lugar...
— Era um motel.
— ... pois é, e eu olhando seu
corpinho tão perfeito, fascinado por sua beleza.
Ela o abraça pelo peito:
— Tão jovem eu era...! — diz, suspirando.
— É assim; o tempo passa e tudo vai mudando,
— ele a acaricia no rosto — mas você, amor, continua linda, mesmo após tanto
tempo.
Ela sente que lágrimas lhe descem pela face:
— Não fala assim comigo... — murmura e o
beija na face — ... pode ter
certeza de que você também continua...
— ...lindo! — ele completa, rindo e apertando-a contra si.
— Acertou! — ela se aperta cada vez mais a
ele.
— Acho que vou apanhar uma vela, Scully.
— Pra quê...?
— Pra apagar a luz daqui e recordar aquela
ocasião em que estávamos somente com uma vela acesa no quarto.
— Ah... eu lembro!
Foi assim mesmo!
Abraçam-se com fervor.
“As
recordações são como
os ecos das paixões.”
Alfred de Musset