ELE  CONTINUA SEUS PENSAMENTOS

 

“O pensamento é a maior

força criadora da vida.

Are Waerland

 

Capítulo 399

 

Um ruído ameno entra pela janela do quarto.

Mulder abre os olhos; olha para o lado onde Dana dorme.

Quanto tempo nos amamos...! — pensa — São 26 anos daquele encontro... naquele dia foi interessante...

 — seus lábios se movem num gesto de sorriso —  e a minha amada sempre com aquele seu ar cético, ali

de pé, conversando no seu modo sempre indiferente.

Neste momento ela se move, voltando a cabeça para o lado, onde ele está a fitá-la.

Ele continua com seus pensamentos:

“Passamos muito tempo sem podermos demonstrar o que sentíamos um pelo outro. Incrível! Tudo

complicava a nossa vida... aliás a minha vida, pois a minha amada sempre cortava o que notava ao

ouvir as minhas palavras doces para ela, demonstrando o meu amor... e ela... — os lábios novamente

se estendem num sorriso — ... minha Dana...!

Agora Dana abre os olhos.

Embora o ambiente esteja bem sombrio, ela vê os olhos do amado a lhe fitar.

acordado, Mulder...?

— E só eu...? Olha você aí com esses olhinhos abertos.

Ela estende os lábios num sorriso.

— Engraçada a vida, ...? — comenta ele — Você estava aí, parada, parecendo até sem vida e, de

repente abre os olhos e fala...

— ... ora, mas que idéia! Comentando coisa série num momento deste. Só você mesmo, Mulder!

— É que eu já estou há alguns minutos acordado, aí a mente trabalha.

— E como...! É assim mesmo. A vida é uma coisa muito importante e faz parte do dia a dia dos

melhores cientistas. — ela, de repente, começa a rir, se voltando cada vez mais para o lado dele.

— O que engraçado pra você? — ele pergunta.

— É que lembrei certas coisas sobre a origem da vida.

Huuum... — ele a acaricia — então conta um pouquinho do que você sabe.

— Foi assim... antigamente acreditava-se que os seres vivos surgiam por geração espontânea, que

significa que, a partir, por exemplo de um pedaço de carne, poderiam surgir outros seres vivos.

Mulder estica o corpo na cama:

— De um pedaço de carne...! — dá um sorriso.

— Pois é. Mas me deixa continuar: no século XVII um médico italiano não concordava com a idéia

de geração espontânea. Então colocou dois pedaços de carne em dois frascos. Um deles ele deixou aberto

e o outro cobriu com um pedaço de pano bem fino.

— Nossa! Tudo apodreceu!

— Quer ouvir o resto? — ela pergunta, colocando a cabeça sobre o peito dele, fitando-o.

Claro, lindinha! Vai lá!

— Então foi o seguinte: depois de alguns dias ele percebeu que algumas larvas se desenvolveram

somente sobre a carne  que havia ficado no vaso destampado. E a carne do outro vaso estava sem larvas.

Daí ele percebeu que isso provava que os seres que se desenvolviam sobre a carne não surgiam da própria

carne e sim era resultado de ovos que haviam sido postos por moscas que foram atraídas pelo cheiro da

carne estragada.

— Mas veja só, Scully; quanta ignorância naquele tempo, hein?

— Completamente!

— Só sei, sobre esse caso, que um químico...

— ... Louis Pasteur. — ela interrompe.

— Sim, esse  químico em 1854 começou a se interessar pelo estudo sobre os micro-organismos.

Agora ele abraça o corpo dela com carinho e começa a beijar-lhe a pele.

— A vida nos fornece tanta coisa gostosa...! — ela sussurra.

O ruído do vento continua entrando pelas frestas da janela.

A luminosidade da lua  no céu estrelado penetra pelos vidros, mesmo com as cortinas cerradas.

“O estudo sem pensar é vão;

o pensar sem estudar é perigoso.”

Confúcio