TOLICES

"Ninguém está livre de dizer tolices;

o imperdoável é dize-lo solenemente."

Michael de Montaigne

Capítulo 57

Dana estava pegando as xícaras, pires e talheres pra arrumar a mesa do café da manhã.

Inopinadamente um pires havia soltado-se de suas mãos e esfacelado-se no chão.

Ele apareceu, colocando somente o rosto na porta.

Mulder riu.

Scully, enquanto segurava o recipiente fumegante da caféteira, parou para perguntar:

Ele continuava fitando-a, insistentemente.

Dana colocou a jarra da cafeteira sobre a mesa.

Mulder permaneceu fitando-a, insistentemente.

Rapidamente, partiu em direção dele, empunhando o papel.

Ele saiu, rapidamente, dirigindo-se ao banheiro.

Scully apertava os lábios, enraivecida.

O ciúme da desconhecida a fazia sentir-se mal. Imaginava a mulher entre os braços de Mulder, sentindo-lhe aquele cheiro bom, aquele calor sensual que emanava de seu peito forte, de sua boca sequiosa, sedenta, apaixonada, ardendo do desejo de experimentar os botões de carne dos seus seios...

Ele reapareceu na cozinha. Ainda somente vestido num short.

Dana não voltou-se para vê-lo aproximar-se.

Mas sentiu sua presença.

Dana largou com força uma xícara sobre a pia, a qual rolou, caindo dentro da cuba de aço.

Cruzou os braços enquanto o fitava.

Dana ficou parada por alguns segundos, sem saber o que pensar, o que falar.

Ela aninhou-se no peito forte e quente de Mulder.

Ela aninhou-se mais, procurando o conforto do aconchego dos braços dele.

Mulder deu um suave sorriso. Entendera.

Roçou-lhe então o rosto com a sua face.

Ela deixava-se deliciar os sentidos naquele roçar áspero, mas gostoso. Fechou os olhos. Aguardava mais carícias.

Mulder continuava tocando-lhe a pele no pescoço, suavemente, brandamente.

Descia mais, deslizando-a sobre o colo de Dana, que ele ia descobrindo ao abrir-lhe o robe e afastando-o de seu corpo.

Dana continuava à espera.

Era bom sentir aquela sensação. Causava-lhe um certo tremor de prazer em suas carnes.

Já com aquela face áspera, ele afagava-lhe os seios, enquanto a respiração tornava-se agitada, deixava-o quase tonto de desejo.

E ele ia dobrando os joelhos para prosseguir deslizando a face sobre a superfície branca e delgada daquele corpo pequeno de pé diante do seu, à mercê de sua boca ávida e de seu corpo sequioso à procura do dela.

O robe deslizou para o chão.

Mulder a tomou nos braços. Carregou-a para o quarto

Dana não permitiu, então, que ele continuasse ou quisesse dizer mais alguma coisa.

Apossou-se com sofreguidão daqueles lábios que a deixavam fascinada. Tentada mesmo!

Entregou-se totalmente àquele homem que era o seu amado. Sua vida.

Se alguma mulher já o possuira tempos atrás, isso então não tinha a menor importância.

Para que pensar nisso se era ela que o tinha naquele momento?

Se era ela que desfrutava da grandiosidade daquele amor?

* * *

O pranto que explode de seu peito a derrota neste momento, pensando no seu sofrimento.

Mas... tem que crêr num novo dia.

Com confiança! Pensar que até no impossível tem que acreditar!

E esperar pela volta de Mulder. Sempre. Sem nunca desistir.

"Aqueles que acreditam no

impossível são os mais felizes."

Eugenio de Guerin