PUREZA DE CONSCIÊNCIA

 

"Uma consciência pura é uma fofa almofada

sobre a qual pode repousar o homem de bem."

Mabire

Capítulo 67

 

Dana continua aguardando que Mulder dirija a ela palavras que possam fazê-lo desabafar o que sente.

Mulder volta a sentar-se na poltrona.

Coloca a cabeça entre as mãos.

Dana não pode mais resistir àquela cena de dor, na qual o seu amado se encontra.

Coloca sobre as mãos de Mulder sua face, tendo os olhos rasos d'água.

Ele, ao senti-la, retira de entre as mãos o rosto e fita-a

Os seus olhos já completamente cheios de lágrimas deixam-nas correrem livres por sobre a face abatida.

Dana abraça-se a ele, encurvando seu corpo pesado pela gravidez para afagá-lo.

Mulder deixa que os soluços lhe rasguem o peito dorido. Chora como um menino nos braços meigos e aconchegantes de Dana.

Dana procura manter-se durante alguns minutos abraçando Mulder, como se fosse ele um pequeno ser carente.

Porem logo tem que deixar a posição na qual se encontra, pois o bebê sente-se incomodado.

Dana endireita o corpo, erguendo-se.

Mulder segura fortemente a mão dela, como que necessitado de tê-la junto de si.

Ajuda-o a desabotoar o cinto e a tratar de desvencilhar-se da calça.

Abre o armário, retira dele o pijama e o entrega para que Mulder o vista.

Dana, enquanto Mulder encontra-se no banheiro, recosta-se à cabeceira da cama.

O sono é imenso. O cansaço é intolerável. Mas necessita estar alerta, acordada, atenta, para poder acompanhar os males que estão deixando Mulder atordoado nesta noite.

Coloca a mão na barriga, sentindo sua criança.

Hoje a felicidade encontra-se empanada com o desagradável acontecimento que ela ainda não havia conseguido desvendar.

Mulder deixa o banheiro. Vai à copa e toma um copo d'água. Retorna com o copo à mão.

Senta-se na beira da cama. Coloca o copo na mesinha ao lado.

Dana permanece em silêncio. Aguarda somente.

Dana ajeita-se, nervosa e incomodada pelo peso do seu bebê.

Retira os braços cruzados de sob a cabeça e, com uma das mãos, puxa Dana para junto de seu peito, enquanto desliza suavemente as mãos sobre suas costas de pele morna sob a camisola macia.

Ela deixa-se acarinhar. Precisa disso. E sabe que o seu Mulder também está carente de afagos e compreensão.

Beija levemente o peito dele, repetidas vezes. Muda o carinhoso gesto para o queixo de covinha que a atrai. Toca com os seus os lábios bem desenhados dele em curvas sensuais.

Mulder sente os seios dela, quentes, apertados contra seu peito. Procura-os com os dedos. Toca-lhes os botões de carne túmidos e macios, sentindo-os logo após segundos, endurecidos pelas carícias no toque dos lábios dele como se esse gesto fosse a sua sobrevivência, como se fosse ele, na verdade, um pequeno ser alimentando-se naquela que lhe gerou.

Para Mulder ali estava a sua razão de viver e a sua sustância. É com os sentidos prazerosos no contato com Dana que ele pode sentir-se refeito dos dissabores da vida.

E Dana geme de prazer, enquanto Mulder respira afogueadamente, deliciando-se com as carnes frementes da sua Scully.

E nos seus rostos a expressão mágica do amor realizado.

No céu escuro estrelinhas brilham, procurando uma pequena brecha entre os edifícios da cidade, enquanto a lua curiosa, projeta seu olho prateado em direção àquele ambiente, onde só pode encontrar no momento uma coisa: o amor.

"O rosto é um intérprete tácito do coração."

Santo Agostinho