O MILAGRE VEM DA CRENÇA

"Crença é a luz da razão,

quando esta já não pode iluminar."

Georg Wulft

Capítulo 78

Mulder observa, embevecido, seu bebê sugando com sua boquinha diminuta, calmamente o seio farto de Dana.

O seu olhar perscruta os dois seres humanos ali, à sua frente:

'Maravilhosos seres criados por Deus para deleite de quem os ama!" - pensa, com arrebatamento.

Ele coloca as pontas dos dedos no rostinho da criança, leva-os a seguir ao rosto de Dana, afagando-o, carinhosamente.

Pausa. Ambos olham a dádiva de Deus entre os braços de Dana.

Ela sorri e se entrega ao calor dos braços dele.

Pausa. Olham enternecidos seu bebê.

Mulder coloca a mão onde Dana lhe indica.

Dana coloca o bebê na cama. Retira a fralda molhada e suja.

Mulder observa, atento.

Mulder apanha a banheira fechada e abre-a perto da cama de casal. Coloca perto dela os objetos necessários ao banho do bebê.

Dana retorna ao quarto com a vasilha que contém a água tépida. Despeja na pequena banheira.

Dana coloca, cuidadosamente, seu filhinho na água, amparando-o em seus pequenos ombros.

- Ah, Scully... ei Scully?! - surpreende-se - Por que está fazendo isso?!

Ela retira o bebezinho da água e o envolve na toalha.

As divertidas risadas dos dois ecoam no quarto.

Enquanto Dana limpa com o creme apropriado as partes íntimas do seu bebê, Mulder retira a camisa molhada pela urina da criança.

Dana aproxima-se de Mulder e nota o seu semblante embevecido, olhando para o filho.

Ela abraça-o por trás. Pousa o rosto sobre as largas costas dele.

Dana penetra com seus olhos infinitamente azuis o esverdeado transparente do olhar de Mulder.

Abraçam-se. Os lábios de Mulder procuram os de Dana. Ele envolve o corpo pequeno e frágil dela, apertando-o com ardor, balançando-a suavemente, como se a estivesse ninando.

Mulder aperta-a com força, enquanto ela ri.

Caminham abraçados até a janela.

Seus olhos divisam lá embaixo as folhas das árvores que baloiçam sob o vento frio que sopra. Aqui e ali, aos poucos, pequeninos e leves flocos brancos vão pousando sobre tudo, na rua.

Alguns poucos transeuntes caminham, mostrando as golas de seus agasalhos quase lhes cobrindo o rosto... mãos nos bolsos para aquecer... quem sabe, além das mãos, até seus próprios corações...?

"O coração tem, como o mar, as suas tempestades."

Zanella

 

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