LEVE DISCUSSÃO

 

"O único meio de sair ganhando

em uma discussão é evitá-la."

Dale Carnegie

 

Capítulo 79

 

Ainda parados junto à janela, continuam a contemplar a rua com ar embevecido, como se estivesse apreciando um cenário de seus próprios corações, sua própria alma repleta de apaixonantes sentimentos.

Mulder arrasta-a para o meio do quarto.

Ele espalma as mãos, nervosamente:

Dana dirige-se para a cama e senta-se nela. Fica por alguns segundos calada, pensativa.

Dana cala-se.

Dana tem plena consciência de que não iria jamais citar que, ao despertar naquele quarto de hotel, encontrara-se sem o seu casaco, o qual havia sido retirado e o Canceroso pode tê-la despido para alguma finalidade... sente pânico igual como já passara naquela ocasião.

Ela desperta de seus aflitivos pensamentos.

Mulder afasta-se dela. Retorna à janela, pensativo, apertando os lábios. Coloca as mãos à cintura. Olha para fora. Calado.

Há um pesado silêncio no recinto. O assunto desagradável faz pairar uma suspeita no ar.

Mulder volta-se para Dana, ainda sentada na cama.

Agora Dana levanta-se, aturdida:

Os olhos de Dana brilham com as lágrimas que os estão inundando agora.

Mulder permanece parado no lugar, fitando-a Fecha os olhos, passa a mão na testa e dá alguns passos na direção dela.

Mulder dá alguns passos, caminhando nervoso, levantando a cabeça e balançando os braços, num ar de protesto.

O choro manso e baixinho da criança os desperta.

Dana vai até o berço. Observa com olhos atentos seu filhinho movimentando os pequeninos braços e pernas. Ela ajeita-o no berço, agasalhando-o melhor.

A criancinha volta a dormir tranquila.

Dana ergue o corpo, volta-se para Mulder. Cruza os braços. Nada fala. Espera.

Mulder vai até a janela. Olha para fora sem nada da rua enxergar.

Dana observa-o, somente. Continua esperando sua reação.

Mulder vira-se para ela. Abre a boca para falar algo, mas imediatamente seus lábios se fecham. Desiste. Dá um soco com punho fechado na própria perna.

E Dana continua em sua atitude de espera. Suspira profundamente, apenas.

Mulder, apertando os lábios, está com o olhar fixado nela agora. Seu semblante severo aos poucos vai abrandando e transformando-se num sorriso.

Ele estende os braços para receber Dana.

E ela corre célere para os seus braços quentes.

Abraçam-se com ardor. Nada falam. Para que? Mais explicações? Mais perguntas? Dúvidas? Incertezas?

Existe entre os dois o sentimento maior que apaga todos os demais: o amor.

Mulder, com os lábios dentro dos cabelos ruivos de Dana, murmura, na sua voz cálida e sussurrante:

Como resposta ela apenas beija-o no pescoço, no queixo, segurando-lhe o rosto entre as mãos ansiosas, como se não o quisesse deixar escapar de seus braços. Nunca mais.

Permanecem abraçados. Calados.

Mulder a encaminha para junto do berço.

Ambos olham seu filho que, por um segundo, estremece discretamente os pequenos punhos fechados.

O rostinho tranquilo parece exortar seus pais a estarem como ele está agora: calmo e

confiante.

Como se estivesse a dizer aos dois:

"É uma regra na amizade que, quando a desconfiança

entra pela porta, o afeto sai pela janela."

J. Howell

 

 

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