CAPITULO 81
Um leve choro é ouvido pelo casal.
Enquanto Mulder a agarra cheio de paixão, Dana tenta faze-lo entender:
- Mulder, o bebê está chorando...!
- Sei, Scully... - sussurra no ouvido dela - ... ele vai esperar um pouquinho.
- Só um pouquinho?
- É. - fala com os lábios presos à orelha de Dana.
- Ai, Mulder! Eu também quero... mas deixa eu ir ver ele primeiro.
Mulder levanta rápido:
- Claro, lindinha! Vamos lá.
Seguem rumo à direção do quarto com os olhos fitos no berço, onde o bebê agita os bracinhos.
- Fome outra vez, Scully?
- Não... não é hora, ainda.
- Como você sabe disso? Engraçado!
- Por causa do controle das mamadas, Mulder! Os bebês têm hora certa para se alimentarem.
- Ah, vá alguém querer entender o que as mamães sabem...!
Dana examina as roupinhas da criança.
- Logo vi. Está incomodado.
- Incomodado?!
- Sim, com a fralda molhada... toque aqui.
Mulder sente a umidade quente da fralda descartável totalmente encharcada.
- Ah, meninozinho levado! - ele exclama.
Logo ajuda Dana a trocar o bebê, entregando-lhe o pacote de fraldas.
Após isso, a criancinha sente-se reconfortada e volta a dormir sossegada.
Mulder puxa Dana pela mão e leva-a para sentar-se à cama, mas logo vai até um móvel, puxando uma gaveta.
- Estou procurando uma camisa Scully, e não a estou achando.
- Qual é?
- É uma social mesmo, que eu usava com o terno no Bureau.
- Mulder...
- O que?
- É tão estranho...
- ... o que é estranho?
- Você falar eu usava no Bureau.
- Pois é. As coisas mudam, Scully.
- Mas quais são seus planos, Mulder?
- Meus planos...?
- Sim.
- De trabalho?
- Exato.
- Você vai ver que optei por coisa muito melhor pra mim.
- Tem certeza?
- Plena.
Dana faz um meneio, concordando afirmativamente.
Mulder continua agora vasculhando os cabides do armário.
- Scully!
- O que é?
- Achei a tal camisa. Ela me lembra muito aquela ocasião em que convidei você para ir a um cinema.
- Quando?
- Após a investigação do cara que comia cérebros.
- Argh! Pára, Mulder!
- Você nem era tão cheia de nojos, Scully! Por que assim, agora?
- Não é nojo, Mulder. É revolta. Onde já se viu comer cé - re - bros??!!
- E você, depois ficou perturbada por eu ter atirado nele!
Dana abaixa o olhar, pensativa.
- Não tinha jeito, não é, Mulder?
- Com certeza não; foi melhor pra ele ... também.
- Mulder, você é impossível! Logo depois convidou-me a ir a um restaurante comer carne moída, hamburguer...
Mulder dá uma gostosa gargalhada, lembrando do fato.
Ele coloca a camisa sobre o espaldar de uma cadeira. Dirige-se para a cama. Senta-se ao lado dela.
- Scully, você está resolvida mesmo a colocar o nome de nosso filho de William?
- Certamente.
- Não se arrependerá?
- Que pergunta, Mulder! Por que deveria? - faz uma pausa - Temos três William na família...
- ... tivemos. - conserta.
- Sim, tivemos; três pessoas importantes: meu pai, o seu pai também e o meu irmão, que , embora seja seu inimigo é um homem digno.
- Nunca eu disse o contrário.
Mulder abraça-a e ambos jogam-se de costas sobre a cama.
Um leve gemido da criança os faz ficarem parados, à espera. Silêncio, porém. Seu filho dormira, em seguida.
- Scully, uma criança é muito importante dentro de um lar. Já dizia aquela célebre frase: "Ensina à criança o caminho onde deve andar e até quando envelhecer não se desviará dele."
- É um provérbio de Salomão.
- Eu sei. Mas há uma de Josh Billings muito interessante; conhece?
- Não. Qual é?
- "Guie uma criança pelo caminho que ela deve seguir e siga também por ele de vez em quando."
Dana sorri.
- Realmente muito boa, Mulder... sabe... eu, às vezes penso: nossa vida agora gira em torno de uma criança, um pequeno ser que pusemos no mundo. Isso assusta um pouco...
- Você tem razão.
- Às vezes penso no futuro dele e tenho remorsos de tê-lo feito vir a esse mundo conturbado.
Mulder mantém-se calado, escutando as palavras de Dana.
- Fico também imaginando o que ele, mais tarde, terá que enfrentar para sobreviver às maldades desta vida. - ela prossegue.
- Você está com lágrimas nos olhos, Scully. Não deve ficar sofrendo por antecipação. Vamos curtir a nossa criança, apenas. Dar-lhe todo o nosso carinho, ensinamentos e guia-la pelos caminhos da justiça...
Dana passa os braços à volta do pescoço de Mulder. Fitam-se. Os lábios se encontram. Têm que preparar seu filho para um futuro com muito amor.
Têm que zelar por sua criança. Ensinar-lhe sempre o melhor, o honesto, o justo.
"As crianças precisam mais
de modelos que de críticos."
Joubert