FAMÍLIA
"O pai, a mãe e o filho são três amores
que tem um nome só: a família."
Paul Féval
Capítulo 84
Noite gelada.
Nas ruas a neve cobre tudo no seu leve e solto dispersar.
A paisagem é branca. Assemelha-se a um cartão postal natalino.
A camada imaculada sobre casas, gramados, árvores, veículos traz um efeito de paz.
Dentro das casas as lareiras estão sendo acesas e nos apartamentos os aquecedores de ambiente estão sendo ligados.
A TV no quarto do apartamento mostra imagens que passam rápidas à frente dos olhos semicerrados de Mulder e Scully.
O olhar doce de Dana move-se do seu amado em direção ao bebê entre os dois, na cama de casal. Como uma bela e terna gravura de uma família: o pai, a mãe e o filho.
Mulder acompanha o seu olhar terno de mãe feliz.
Mulder coloca um braço à volta do seu pescoço:
Ela o fita, querendo saber o resto da frase.
Dana sorri e oferece os lábios para um beijo, em agradecimento a essas palavras.
Mulder a beija como se a estivesse provando. Várias vezes. Uma, duas, três, sentindo-lhe o sabor e experimentando-lhe a reação.
E ela entrega-se, submissa.
E o beijo terno, acariciante transforma-se num gesto de intenso amor e desejo.
O chorinho leve do bebê os faz separarem os lábios.
Mulder dá uma risada com gosto.
Enquando levanta-se e vai ajeitando seu filhinho para retirar a fralda molhada, Dana imita voz infantil:
Mulder continua a rir mais discretamente, enquanto observa Dana a passar creme anti-assaduras e trocar a fralda do bebê.
Ela sai com a fralda descartável na mão, a fim de levá-la à lixeira.
Mulder levanta-se. Toma com muito jeito em seus braços o bebê e o coloca no berço. Segura as mãozinhas sempre fechadas de seu filho. Estão quentes.
Dana entra de volta no quarto.
Dana trata logo de deitar-se, seguida por Mulder.
Agarram-se, dominados pelo desejo de se unirem e aquecerem-se na noite gelada.
Permanecem abraçados.
Mulder suspira.
Ela admira-se:
A mão de Mulder passeia suave sob os cobertores e sobre as sinuosas linhas do busto de Dana. Afaga-lhe os seios. Desce a mão para sua cintura fina e esguia.
Dana sente àquele toque todas as fibras nervosas do seu corpo vibrarem de prazer.
Mulder continua a ir desvendando os mistérios íntimos de sua amada, detendo-se por vezes em algum ponto que lhe atraia a ânsia maior de afagar uma protuberância do corpo pequeno e cheio de tremor do desejo que já se lhe aflora à pele.
Então é com os lábios sequiosos que, afastando os cobertores, vai acariciando os pontos que atraem sua sexualidade.
Dana o envolve com os braços e deixa-se beijar, deixa-se enlevar pelos apelos de sua carne louca de paixão.
Os corpos se unem nos movimentos que os faz sentirem-se no auge do prazer. E os sussurros e gemidos vão se tornando mais constantes nesse ato de amor.
O êxtase total chega, enfim, para ambos, que deleitam-se com a proximidade e a quentura dos seus corpos, que minutos antes estavam gelados, agora sentem-se abrasados.
Dentro de seus peitos um suspiro que abafa um gemido mais forte para ser ouvido.
Há, agora, o doce delírio do descanso após o amor. A doce mansidão do prazer realizado.
E, enquanto lá fora o branco da paz da paisagem continua e nos vidros da janelas os pequenos e leves flocos de neve caem no seu parapeito, avolumando-se em sua camada gelada e branca, dentro do quarto o gostoso de sentir a pessoa amada ali, colada a si, sem que ninguém, neste momento possa separa-los, arranca-los desse lugar.
Nem inimigos, nem bandidos, nem alienígenas, nem perseguidores.
Este momento é somente deles.
O mundo não existe ao seu redor.
Tudo é paz. Tranquilidade. Doçura.
"O mundo é um espelho; se
sorrires para ele, ele sorrirá para ti."
Gustave Le Bon