O PODER DA IMAGINAÇÃO

"A imaginação é uma pequena lanterna

mágica que nos entristece ou alegra,

conforme as coisas que nos recorda."

Jacquemont

Capitulo 88

O sol, gostosamente, derrama-se sobre tudo no lugar.

Sobre os telhados das casas, as copas das árvores, os gramados, todas as coisas e pessoas e ... sobre o pequenino bebê no carrinho, dormindo tranquilamente.

* * *

A criança segura a mão do pai para puxa-lo do banco de ferro pintado de branco.

Caminham apressadamente até o campo cercado.

O pequeno ser diminuto, caminha satisfeito, contrastando com a altura elegante do seu acompanhante.

Saltitante e sorridente, lembra de perguntar:

Na sorveteria é imensa a curiosidade do garotinho para ver o conteúdo daquele balcão repleto dos deliciosos cremes gelados.

Debruça-se, curioso, sobre os balcões, sorvendo simbolicamente o sabor de cada tipo de sorvete.

O pai o olha enternecido, observando que tudo aquilo atrai-lhe o paladar.

O pai satisfaz-lhe o desejo, comprando o sorvete de flocos.

Saltitante e quase a correr, vai saboreando a guloseima.

O menininho obedece. Pára por instantes. Muitos pombos e pequenos pássaros que catam alimentos pelo chão, atraem sua atenção.

O pai suspira, aliviado. Bom quando está a mãe por perto, a qual faz logo com que o filho a obedeça, sem mais tardar. Ela é mais persuasiva em suas ordens.

O pequeno continua parado, absorto, lambendo o sorvete.

Os olhinhos atentos e curiosos detém-se a examinar os olhos redondos como pequenas contas, das aves que ali pousam e voam e tornam a pousar... e a voar...

O menino está fascinado. Só os conhecia através de revistas ou televisão. Mas agora estão ali, ao seu alcance.

Alguns minutos são passados, em que ele está estático, somente observando as aves. Num repente, deita a correr, a fim de pega-las, ou simplesmente espanta-las; nunca as alcança, no entanto. As aves alçam vôo e retornam ao chão, como que a desafia-lo.

Mas a observação serve para somente levar as suas palavras ao ar. Já está, neste momento, a maior parte do sorvete, caída no chão.

Não é necessário. A criança entrega, rapidamente a casquinha de wafer, que contém o restante do sorvete.

O pai nem acredita. Mas tem que aceitar. Afinal seu filho já achara novo passatempo. E bem mais interessante.

E, em dado momento, novamente a criança corre em perseguição às aves que, como sempre, vão e retornam ao local.

Ambos sorriem.

As crianças correm, à vontade, em sua perseguição às também irrequietas aves.

Em dado momento uma das crianças desaba ao solo. Choro. Reclamação. Admoestação dos pais.

A situação somente perdura por instantes. Já estão esquecidos os pombos.

O colorido variado de chamativas bolas de gás preenchem o cobiçoso olhar das crianças.

Will toca os dedos, ansioso, por muitas vezes, no braço do distraído pai, que parece que nem o vê, quando entra em conversa com uma pessoa ao seu lado.

O pai não poderia deixar seu filho sentir-se humilhado. Chama o vendedor que, pronta e gentilmente, chega até eles.

O olhar maravilhado e ansioso do menino extasia-se diante da infinidade de balões multicoloridos.

Como num passe de mágica, o desejo de jogar beisebol, o sorvete, as corridas em perseguição aos pombos, tudo havia ficado para trás, tendo sido substituído pelos balões.

E lá vai ele, saltitando no paralelepípedo, carregando o balão prateado em forma de disco-voador, erguendo-o o máximo, com seus diminutos bracinhos rechonchudos.

Súbito, o balão solta-se de seus dedos e sobe, e rápido alcança as alturas e vai ganhando o espaço cada vez mais.

O grito de desilusão do menininho vendo cada vez mais sumir de sua vista o seu precioso brinquedo, acompanha o balão, até tornar-se um pequeno ponto brilhante, iluminado pelos raios do sol.

O bater dos cascos de um cavalo no cascalho do solo, faz o pai retornar ao presente.

* * *

Ele volta-se, repentinamente desperto.

Mulder dá uma gostosa risada.

Ela o fita, sem entender o sentido de suas palavras.

Mulder sorri, levanta a cabeça e fecha os olhos.

Ainda está no ano dois mil e um. Antes que seu filho possa ficar do jeito que o imaginou minutos atrás, tem muito que esperar; ele é ainda, um pequeno ser.

Os lábios de Mulder distendem-se num terno sorriso, olhando o bebê no carrinho.

Por questão de segundos estivera antecipando o futuro com seu filho.

Dana retira seu filho do carrinho. Segura-o no colo, carinhosa.

Mulder os contempla, feliz.

"Quanto tempo tenho que esperar, ainda, até que possa vê-lo como nos meus pensamentos?" - imagina.

"Se amas a vida, economiza o tempo,

porque de tempo se compõe a vida."

Benjamim Franklin