ATO DE BONDADE

"Melhor que a justiça, a bondade

é o humano que toca o divino."

Campoamor

Capítulo 93

Dana verga o corpo em direção do carrinho. Toma seu filhinho nos braços. Ele está choramingando.

Mulder olha para ela, com um vago sorriso.

Estão passando perto de uma jardineira extensa, que exibe sua infinidade de plantas com flores coloridas.

O ganido de um filhote de cão faz-se ouvir.

Mulder aproxima-se para investigar. Agacha-se.

Um pequenino filhote de tenra idade, está no local. Apoiado nas patas traseiras, com uma das patinhas dianteiras levantadas, está ganindo, parecendo pedir auxílio.

O peludo filhote abana a cauda, satisfeito por ver ali alguém que o possa acudir.

Mulder toma o animalzinho, que não sabe de que forma pode agradecê-lo, a não ser com os lambidos e o abanar da pequena cauda.

Com o cãozinho seguro, encostado em seu corpo e empurrando o carrinho, Mulder caminha ao lado de Dana que carrega o bebê no colo.

Ela aproxima-se para ver o ferimento na patinha do filhote que Mulder segura, para mostrar-lhe.

Dana sorri.

Ela aperta o braço dele, querendo confortá-lo.

Continuam andando em direção do hotel.

Uma manada de carneiros, com seus pêlos pouco limpos e balindo, atravessa seu caminho na estreita estrada que leva ao hotel.

O casal acha engraçado ver os tais animais.

O cachorrinho esperneia, inquieto, nos braços de Mulder.

O dia de sol forte faz com que os dois não consigam fitar com os olhos totalmente abertos a estrada à sua frente.

A criancinha, com os olhinhos apertados, os contrai mais, a fim de poder enxergar os rostos de seus pais à sua frente.

Mulder permanece observando o semblante do seu filho, enquanto Dana o ajeita comodamente no carrinho.

O bebê chora.

Uma mulher caminha, apressadamente, em direção contrária a que Mulder e Scully seguem. Segura um menino pela mão.

A voz do garoto sobressai no espaço. Ambos param sua caminhada, aguardando Mulder e Scully aproximarem-se.

Mulder percebe que é com ele a chamada. Detém os passos, aguardando.

Dana também pára de caminhar.

Mulder observa que ela o está fitando, fixamente.

O menino inicia um choro manso.

Mulder pára seus passos, a fim de atender o chamado.

Os olhos vermelhos da criança inundam-se de mais lágrimas nesse instante.

O casal ri.

Mulder agacha-se para chegar à altura do garoto.

O menino continua soluçando agarrado ao animal.

Mulder o abraça, comovido.

Dana sente emoção, também.

A mulher achega-se para bem perto do carrinho.

Mulder coloca a mão sobre a cabeça do garoto.

Despedem-se.

Mulder e Scully encaminham-se para o seu lugar de destino: o hotel da cidade.

Os dois prosseguem com prazer no coração.

Haviam proporcionado àquele menino uma alegria sem igual, devolvendo-lhe o animalzinho.

"O prazer mais delicado é aquele

que se proporciona aos outros."

La Bruyère