DEVANEIOS...IMAGINAÇÃO...FANTASIA..SONHO...QUIMERA

 

DEVANEIO EXTRA XV

ANIVERSÁRIO FELIZ...??

 

 

O céu pontilhado de estrelas que tremeluzem cintilantemente na noite quente.

A lua, como a boca do céu sorridente, com sua luz prateada, convida a sonhar momentos românticos, doces.

O silêncio, somente cortado pela imensidão do ruído dos grilos nos arvoredos, incita a imaginação relembrar cenas de outros tempos.

Dana Scully tem o rosto voltado para esse cenário, e, com os olhos fechados no entanto, leva os dedos ao pescoço, sentindo angústia nesse momento.

O seu peito parece querer explodir, vindo lá de seu interior o peso imenso da dor. E sai, por fim, num soluçar angustiado.

Saudade. Falta. Ausência.

"E ele não está aqui, ao meu lado.

Quisera até que o tempo retornasse para tê-lo junto de mim.

Foi numa noite como esta que ele me deu um presente... é... um presente...um simples chaveiro, mas que me foi entregue por sua mão quente... acariciadora... da qual eu não havia ainda conhecido o poder que me faz vibrar, fascinada, com seu toque.

Foi através dos lábios dele que ouvi sua voz que me atrai, me suga a alma, dizendo que lembrava do meu aniversário... num dia 23 de fevereiro, como este... e hoje estou aqui... necessitada de vê-lo, senti-lo...!

Mulder... a ausência dói, a saudade maltrata, a falta castiga... Mulder, quisera poder prender os meus olhos na tua figura querida diante de mim."

Os olhos azuis inundam-se de lágrimas abundantes.

Ela leva a mão ao peito dolorido pelo peso da tristeza.

Novamente ela murmura em voz chorosa, em golfadas de pranto angustiado.

"Por que o destino te trouxe de volta e o levou embora Mulder, tão rapidamente?

Eu estou triste, Mulder... sinto tua falta... falta da tua voz... das tuas carícias, tua ternura, Mulder! Eu me sinto tão só... tão desamparada...! Embora tentando dar no trabalho tudo de mim... me faço de forte, imbatível, mas o meu coração e a minha alma estão em pedaços e você é um dos pedaços que está faltando na minha vida...!"

Dana soluça.

Deixa livremente fluir seu pranto queimante no peito frágil de mulher sofredora. Baixa a cabeça e permite que seus soluços saiam livremente.

Sabe que lhe é concedido nesse instante deixar liberar o seu sofrimento.

Sua criança, seu bebê, nada pode entender. No seu berço de inocente, ainda não tem a capacidade para discernir a dor da alegria.

Dana aproxima-se do berço de seu filho. Retira-o dali e aperta-o nos braços.

A mãozinha tateante do bebê desliza pela sua face molhada pelas lágrimas. O olhar inocente da criança fita a bela face da mãe sofrida. E não entende.

O riso inocente dele enternece o coração de sua mãe. Ela também sorri entre as lágrimas por alguns segundos, quando, em seguida os soluços afloram em sua garganta, num novo espocar de dor.

Dana aperta seu filho de encontro ao peito. Ali está um pedacinho do seu amor. Um pedacinho de Mulder.

Aos poucos, sentindo o pulsar do coraçãozinho do bebê, que parece aplacar o seu sofrimento, vai, lentamente, acalmando seu coração angustiado. Os soluços cessam. As lágrimas não correm mais. Um grande e dorido suspiro entrecortado ela deixa liberar do fundo do peito.

Fita com amor sua criança. Está calma. Serena, agora.

Caminha alguns passos em direção à janela.

Olha a noite e o céu estrelado.

Dirige o olhar para o bebê em seu colo. Fala, em voz entrecortada: