COMO OS FANTASMAS ESTRAGARAM O NATAL

(HOW THE GHOSTS STOLE CHRISTMAS)

Roteiro:  Chris Carter

Diretor:  Chris Carter

6x08

Exibição USA:  20/12/98

No Brasil: 30/04/99

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

RESUMO:  

Mulder chama Dana para investigarem,  na noite de Natal [?]  uma velha mansão abandonada,  a qual ele julga assombrada.

Quando os dois entram no casarão,  descobrem que existe um casal enterrado sob as tábuas corridas da sala de estar;  eles estão como que mumificados e vestindo roupas iguais

às de Mulder e Scully.

Os agentes deduzem que terão o mesmo fim.

Finalmente aparecem os "fantasmas",  um casal de idosos,  que segundo a lenda,  tinham feito um pacto de suicídio na noite de Natal, a fim de preservarem o espírito do Natal e

nunca mais ficarem sozinhos nessa data.

Eles tentam convencer Mulder e Scully a fazerem o mesmo,  mas eles escapam da morte.

 

 

Cena 1 

Mulder está aguardando Scully no carro.  Mastiga suas sementes favoritas.

Scully chega e pára o carro junto ao dele.

 

"- Quase desistí de esperar!" - fala Mulder.

 

"- Desculpe!  As caixas estavam piores do que a hora do rush na estrada!  Se eu ouvisse Noite Feliz mais uma vez,  ia começar  a fazer reféns.  Que... que está fazendo aqui?"

 

"- Vigiando."

 

"- Na véspera de Natal?"

 

"- É importante para o que viemos fazer.  Desliga o motor e eu conto os detalhes."

 

"- Mulder,  eu tenho que embrulhar os presentes!  É véspera de Natal!  Sabia?"

 

Ele olha o carro dela:  o banco traseiro está repleto de pacotes.

"- Ah..." -  ele faz e cala-se.

 

Scully aguarda por um momento.  Logo em seguida passa  para o carro dele:

"- Conta os detalhes."  -   pede,  não resistindo ao ar desolado dele.

 

"- Se tem  coisas de Natal pra fazer,  eu não quero..."

 

"- Sim,  mas eu gostaria de saber por que,  tá?"

 

"- Ficaria mais...  curiosa...!" -  responde ele.

 

"- Quem mora na casa?  Quem está vigiando?  Um fantasma?"

Scully descreve,  então, uma cena de terror bem sombria, em tom de mofa.

 

Mulder lhe conta que um casal que sobreviveu em 1917,  fez um pacto de amor dentro da casa.  E os fantasmas assombram a casa até os dias atuais.

Scully ri,  divertida.

Mulder alega achar que todo mundo acredita em fantasmas.

Scully ri,  ainda, e resolve sair do carro,  dizendo que vai reunir-se a seus familiares,  que a estão aguardando para a ceia de Natal.

 

"- Lembranças à família!" -  ele fala e sai do carro,  dirigindo-se sem demora para a antiga mansão abandonada.

 

Scully nota logo que a chave do seu carro não está na ignição.

Imagina logo que Mulder a havia levado com ele.  Segue-o,  então,  até a casa.

Scully o encontra dentro do casarão,  com a lanterna ligada,  iluminando a escuridão.

 

"- Dizem que todos os casais que aqui viveram tiveram morte trágica." -  ele informa.

 

Após andarem dentro da casa por vários minutos,  os dois passam a vagar sem direção certa,  tentando encontrar a saída.

Scully fala,  sem parar, dando mil explicações que fogem à espiritualidade,  sempre seguindo suas hipóteses científicas.

 

Cena  2  

Um velho fantasma havia encontrado-se com Mulder,  que demorou em convencer-se de que,  realmente,  ele não era vivo.

 

"- Sabe por que você acha que vê coisas,  filho?  - pergunta o velho  -  Porque é um homem solitário!  Só!  Em busca de fantasias eróticas,  ilusões...  e  você acha que darão

sentido à sua vida e significado...!  Você passa os Natais,  assim,  sozinho?"

 

"- Não estou sozinho."

 

"- Mais outra ilusão." -  retruca o velho fantasma.

 

"- Não.  Eu vim aqui com uma amiga.  Ela está em algum lugar desta casa!'

 

"- Como é que você fez para ela vir com você?  Posso saber?  Sabe por que faz isso?  Ouvir a lenga-lenga  dela sobre racionalização?  Porque você tem medo!  Medo da solidão! 

Estou certo?"

 

Mulder o olha,  atônito, e ao mesmo tempo sabendo que é a verdade.  Assente.

"- Eu quero procurar a minha parceira." -  ele diz.

 

"- Ótimo!  Facil!  Não se aborreça!  Parede de tijolos ou muro de tijolos?  Vá em frente! Mude a sua vida!"

 

O fantasma fala isso porque Mulder e Scully estão separados por um forte muro de tijolos que antepôs-se entre eles para separá-los em ambientes diferentes dentro da enorme casa.

 

Cena 3 

Scully está em outra das enormes salas da mansão,  alarmada,  apavorada mesmo,  com a velha senhora que surgira repentinamente à sua frente.

Explica,  cheia de medo,  que existem fantasmas na casa.  Pergunta à mulher onde está Mulder.

 

"- Diga o que faz aqui!" - ordena-lhe a mulher.

 

"- Meu colega...?" -  quer saber  Scully, arfante,  apontando a arma para a mulher.

 

"- Ah,  coitadinha! Você deve ter uma vida horrivel! Passar a noite de Natal com ele,  correndo atrás de coisas...  vendo coisas que sequer acredita...!"

 

Cena 4  

O casal de velhos fantasmas  conversa entre si,  referindo-se a Mulder e Scully,  que continuam perdidos na mansão,  sem conseguirem encontrar-se um com o outro.

 

"- Esses dois parecem mesmo muito infelizes!  -  comenta o velho  - Precisamos mostrar a esses dois como o Natal pode levar à solidão!"

 

"- Este é o verdadeiro espírito da coisa." -   diz a mulher,  por sua vez.

 

Cena 5      

 Mulder está junto ao velho fantasma.

 

"- O que vieram fazer aqui?" -  pergunta o homem.

 

"- Viemos procurar vocês." -  diz Mulder.

 

"- Não  vieram pra ficar juntos por toda a eternidade?"

 

"- Não." -  Mulder ri, achando tolas as palavras do velho.

 

"-  Não estavam cheios de desespero,  da melancolia Natalina?"

 

"- Não."

 

Cena 6   

Mulder está agora com a mulher fantasma.

 

"- Ou talvez haja um pacto de amor secreto."  -  ela quer saber dele.

 

"- Não somos amantes." -  ele explica.

 

"- Isso não é ciência.  Mas vocês dois são muito atraentes e têm muito tempo pra resolver isso!  Vá em frente!  Pegue isso!"

A velha senhora entrega a Mulder um revólver.

 

Cena 7 

Scully,  após estar desmaiada em consequência de seu pavor,  ao certificar-se de que o casal de velhos morrera há muito tempo de forma horrível,  desperta,  enfim,  e tanta

abrir as portas  da sala, sem,  no entanto,  conseguir.

 

O velho mostra a Scully,  em suas mãos,  as chaves de seu carro.

 

"- Onde as conseguiu?" -  pergunta apavorada.

 

O velho fantasma não responde a sua pergunta e começa a falar:

"- Ele não tinha pra onde ir neste Natal!  Ninguém com quem sair...  você percebe como esse homem está seriamente perturbado?  Como está sombrio e solitário?  E do que

ele é capaz?"

 

Scully continua amedrontada,   fitando-o com ar de desespero no semblante.

   

Cena 8  

Mulder entra na sala,  após chamar muitas vezes por Scully,  com a lanterna acesa,  procurando-a,  e está de arma em punho,  apontando-a em sua direção.

Dispara o primeiro tiro. O segundo.

 

"- Mulder!! O que está fazendo?  - grita Scully horrorizada  -  Mulder!!"

 

"- Não há como sairmos daqui,  Scully!" -  ele lhe fala com um olhar frio.

Dispara outro tiro.

 

"-Mulder,  pára! Você está me machucando!  Abaixe a arma!" - ela grita,  mais desesperada,  ainda.

 

"- E você vai atirar em mim?" -  ele grita também.

 

"-  Eu não vou atirar em você!  Não quero atirar em você!"

 

"- É você ou eu!  Eu ou você!  Não tem como sairmos daqui,  Scully!  Não podemos voltar!"

E novamente Mulder dispara sua arma.

"Mulder,  pára!" -  ela grita mais alto.

 

"- Um de nós vai ter que fazer isso!" -  ele retruca.

 

"- Mulder,  olha! -  ela agora suplica  - Não temos que fazer isto!"

 

"- Ah, temos sim!" -  o olhar de Mulder está cheio de ira,  mas fala com calma.

 

"- Nós temos que sair daqui!" -  ela grita,  mais uma vez.

 

Agora,  no semblante de Mulder está demonstrada sua raiva contra Scully,  contra a sua  própria vida.

"- Mesmo que pudessemos,  o que nos aguardaria?  Mais solidão?  E depois mais trezentos e sessenta e cinco dias de mais solidão?"

 

"- Eu não acredito no que está dizendo!  Eu não acredito nisso!" -  ela berra.

 

Finalmente,  Mulder dispara,  atingindo-a no abdome.

Scully cai,  ferida.

 

Os olhos de Mulder estão arregalados e frios.

"- Feliz Natal,  Scully!" -  fala tranquilo,  mas como um autômato.

Em seguida leva a arma à sua própria fonte.

 

Cena 9  

O que está acontecendo é que,  na realidade,  Mulder entra na sala com a lanterna em punho.

Chega rápido e vê Scully caída no chão,  ferida.

Ele ampara-a,  desesperado, segurando-a pelo pescoço,  nervoso.

 

"- Mulder,  é você?" -  pergunta ela, sem forças.

 

"- O que você fez?" -  ele indaga,  preocupado.

 

"Não acreditava,  não é?"

 

"Não acreditava no que?"

 

"- Que eu fizesse isso!  Feliz Natal,  Mulder!" -  ela fala, já quase na agonia da morte.

Scully ainda encontra forças para levantar a arma e atira em Mulder, que cai ferido.

 

Ficam dos dois caidos no chão,  num mar de sangue.

 

Scully tenta virar-se no chão e consegue movimentar-se um pouco.

 

Mulder desaba,  ferido, pelos degraus da escada,  enquanto uma melodia soa na mansão.

Ele arrasta-se com dificuldade, até onde está Scully.

"- Scully!" -  chama.

 

Ela geme e está arfante.

 

"- Scully!" -  chama,  novamente.

 

O chão está com uma grande mancha de sangue do corpo de ambos.

Ainda apontando as armas,  ambos se miram.

 

"- Você não!  Não você em mim!" -  ele pede.

 

"- Está com medo,  Mulder! Eu estou...  eu estou..." -  ela deixa cair a mão,  sem forças. Tosse.

 

Mulder,  porem, examina-se,  apalpa-se,  sente que tem forças e tenta levantar-se.  Consegue.  Fica de pé.

"- Scully!  -  volta a chamar  -  Levante-se!  Não houve nada!"

 

"- O que?!" -  ela está ainda sem acreditar.

 

Olham ambos para sua roupas muito ensanguentadas.

Mulder a ajuda a levantar-se.

Toma-a pela mão e saem da casa assombrada, às pressas.

Ao sairem,  suas roupas voltam a ficar limpas do sangue que nelas havia.

Mulder segura Scully pelo braço e saem rapidamente da casa.

O  relógio carrilhão na parede bate as doze badaladas da meia-noite.

 

Cena 10 

Mulder está assistindo TV,  entediado,  olhar perdido,  sem motivação.

Batem à porta.  Ele olha para o teto,  imaginando que o som vem do apartamento de cima.  Não é.

Levanta-se e desliga a TV.  Vai até a porta.

 

É Scully que  está aguardando  ele abrir-lhe a porta.

"- Eu...  não consegui dormir... fiquei...   - suspira  -  ... posso entrar?"

 

"- Não devia estar com sua família,  comemorando o Natal?"

 

"- Mulder,  nada daquilo aconteceu,  realmente esta noite...  foi produto de nossa imaginação?"  

 

"- De repente, foi." -  ele confirma.

 

"- Ahn... a minha...  única alegria na vida é provar que está errado."

 

"- Quando...  conseguiu provar isso?"

 

Ela o fita,  sem saber como responder.

"- Ahn...  por que me queria lá,  junto com você?"

 

"- Não queria estar lá?  Ah é...'

 

"- É...?"  -  ela quer que ele continue.

 

"- Presunção e narcisismo meus...!" -  responde ele,  tambem sem poder explicar.

 

Fazem uma pausa na conversa. 

Mulder afasta-se um pouco.

Talvez nenhum dos dois tenha lembranças de que essas foram as palavras que os fantasmas usaram para fazê-los entender porque um sempre está junto do outro,  mesmo por

motivos tão pouco amigáveis.

 

"- Não...  talvez eu quisesse estar lá com você." -  ela fala,  enfim.

 

"- Scully,  eu disse que não íamos  - apanha um embrulho e sorri  - trocar presentes,  mas eu comprei uma lembrança.  Feliz Natal!" -  entrega a ela o presente.

 

"- Mulder!" -  ela sorri,  agradecida.

Scully coloca um embrulho diante dos olhos dele.

"- E este aqui é pra você." -  entrega-o a Mulder.

"- Ah, legal!"

 

Riem-se,  ambos divertindo-se e sentam-se no sofá,  ocupados em abrir os respectivos presentes.