A SEXTA EXTINÇÃO

(THE SIXTH EXTINCTION)

Roteiro:  David Duchovny & Chris Carter

Diretor:   Michael Watkins

7x04

Exibição USA:  14/11/99

No BrasilL 22/03/00

 

 

 

 

 

 

 

 

RESUMO:

O Canceroso  injeta uma substância em Mulder,  que o tira do coma.

Kritschgau explica a Scully que o artefato que Mulder tocou,  despertou um virus ao qual ele já havia sido exposto em Tunguska.

Skinner avisa a Scully  que Mulder desapareceu do hospital e que não pode mais ajudá-la,  pois já está muito comprometido.

Kritschgau é assassinado por Krycek.

O Canceroso diz a Mulder que só pode salvá-lo se ele deixar os Arquivos-X.

Ele propõe a Mulder uma espécie de "programa de proteção à testemunha".

Alberto Holsteen avisa a Scully que Mulder precisa ser salvo para que não haja um genocídio.

Scully recebe um livro sobre práticas indígenas cujos símbolos se assemelham aos códigos da nave e constata que existe a profecia de um genocídio que pode ser detido apenas por um homem.

Ele implora a ajuda da agente Fowley,  que começa a duvidar dos motivos do Canceroso e dá a Scully informação suficiente para salvar Mulder.

Diana Fowley  paga com a vida por isso.

  

Cena 1  

Scully narra numas anotações,  tudo o que está testemunhando sobre o encontro do artefato.

"Que fonte de poder é essa que tenho em minhas mãos?  Esse rabisco...  essa simples impressão tirada da superfície da embarcação...  Eu vi esse rabisco assumir o controle total de você...  eu vi você sucumbir a  esse efeito

 avassalador e vou trabalhar para descobrir o que sua doença o impede de procurar...  e é na fonte de sua doença que está a sua cura!"

 

 

 

Cena 2  

Scully está deitada na tenda,  braços cruzados sob a nuca,  com o pensamento inteiramente voltado para Mulder.

"Sinto você fugir de mim a cada minuto que passo aqui...  mas não sei o significado... que não consigo ver e que estão escondidos aqui...  se eu pudesse entender e saber como isso o afetou...  aprender a usar esse poder para salvá-lo..."

Um ruído de veículo a faz levantar-se e ver o que se passa,  interrompendo suas divagações.

 

Cena 3   

Scully chegaa passos decididos e vai até onde está Skinner:

"- Onde ele está?  -  pergunta ao vê-lo  -  Continua no hospital?" -  refere-se a Mulder.

 

"- Onde você estava?" -  quer saber Skinner,  por sua vez.

 

"- Ele ainda está no Hospital Georgetown?" -  insiste.

 

"- Você não pode vê-lo."

 

"- O senhor sabe onde ele está ou não?".

 

"- Está na ala de neuropsiquiatria.  Mas não adianta,  Agente Scully."

 

Ela volta-se para sair dali.

 

"- Agente Scully!" -  chama Skinner.

 

"- Fiquei dentro de uma avião vinte e duas horas!  Tenho que vê-lo!" - diz,  decidida.

 

"- Então acho que deve saber o que irá ver,  se conseguir entrar na enfermaria."

 

Scully o olha,  preocupada.

 

"- Houve complicações." - explica Skinner.

 

"- Que complicações?" -  ela chega mais perto dele,  interessada.

 

"- Eu chamei um tal de Kritschgau."

 

"- Kritschgau?"

 

"- É uma longa estória que terminou mal...  puseram Mulder sob vigilância o tempo todo e eu assumi  completa responsabilidade.

 

" - Responsabilidade pelo que?" -  quer saber.

 

"- Ele nem consegue se comunicar,  Agente Scully...!  Eles não estão tratando dele porque não sabem o que há de errado com ele!"

 

Ela o olha,  sem ação.  Não aceita o que Skinner lhe está dizendo.

 

"- Disseram que ele estava morrendo,  eu tinha que fazer alguma coisa!" - ele completa.

 

"- Não é verdade." - protesta Scully.

 

"- Receio que seja."

 

"- Ele não está morrendo!  Está mais vivo do que estava!  Está mais vivo do que seu corpo pode aguentar e o que está causando isso talvez seja de origem extraterrestre!"

 

"- Eu sei,  mas não é nada que se possa fazer!"

 

Scully o fita,  estática.  Sai.

 

"- Não permitirão o seu acesso!" -  fala Skinner,  vendo-a afastar-se.

 

Ela volta-se para responder:

"- Talvez não como colega,  mas como médica."

 

Cena 4 

Na enfermaria onde está Mulder,  permitem Scully entrar.

Ela chega até o leito e fala baixinho:

"- Mulder,  sou eu.  Sei que pode me ouvir.  Faz um sinal,  se puder...  eu quero que saiba onde eu estive...  o que descobri...  creio que se souber,  pode achar um meio de voltar...  -  ela começa a chorar  -  eu...  descobri uma chave... 

a chave para cada pergunta que já foi feita...  é...  um quebra-cabeças,  mas as peças estão lá para nós as encaixarmos,  mas podem salvar você,  se conseguir aguentar!  -  ela chora ainda e segura-lhe a mão,  apertando-lhe os

dedos inertes  -  Mulder,  por favor!  -  chora mais forte  -  Aguenta!"

 

Cena 5  

Scully encontra Diana Fowley no corredor do FBI.

Mulder havia sido retirado do hospital e Scully sabe que Diana havia tomado parte nisso.

"- Quer um cigarro,  Agente Fowley?"

 

"- Eu não fumo."

 

"- É mesmo?  Eu juraria que senti cheiro de cigarro em você!"   -  usa um tom sarcástico,  sabendo da ligação de Diana com o Canceroso.

 

"- Juraria?  Acha mesmo?" -  retruca Diana.

 

"- Acho...  -  entram na sala  -  ...mesmo!  -  ela bate a porta do lado de dentro  -  Onde está o Mulder?

 

"- Antes de culpar todo mundo do que aconteceu ao Mulder,  você devia ter feito alguma coisa para evitar isso!" -  fala Diana,  impassível.

 

"- Só quero que você pense...  pense no Mulder quando se encontrar com ele!  Pense nele agora,  pensa na promessa de vida que ele tem pela frente e agora...  e depois fique na minha frente e me olhe nos olhos,  pensando que ele

está quase à morte,  tentando salvar você!"

 

"- Estou pensando,  Agente Scully...  estou pensando." -  diz Diana e afasta-se.

 

Cena 6  

Scully entra no seu apartamento.  Surpreende-se por encontrar Albert Hosteen,  o velho nativo Navajo, ali, na penumbra.

 

"- Seu tempo está se esgotando." -  diz ele.

 

"- Por que me procurou assim?  Por que?  Por que não consigo achar Mulder?"

 

"- Porque não procurou no lugar certo."

 

"- Não está me ouvindo..." -  replica Scully.

 

"- Sabe onde ele está..." -  ele volta a falar.

 

"- Mesmo que soubesse,  não saberia como salvá-lo!  Esta ciência pra mim não tem sentido!"

 

"- Já procurou por ele... aqui?" -  Hosteen aponta-lhe diretamente para o seu coração.

 

"- Está me pedindo para rezar?" -  ela quer saber.

 

Hosteen ajoelha-se e segura a mão de Scully,  forçando-a a fazer o mesmo gesto.

"- Existem mais mundos além daquele que se pode alcançar..." -  ele diz,  solenemente.

 

Começam os dois a rezar,  ajoelhados ali,  na sala escura do apartamento.

 

Cena 7 

Scully havia recebido um envelope passado por debaixo da porta de seu apartamento,  contendo uma chave-cartão magnética,  com a qual ela poderia abrir a porta do Departamento de Defesa.

 

Cena 8     

Scully vai até onde se encontra Mulder,  que está sedado,  sob o efeito de vários medicamentos.

 

"- Scully,  eu sabia que viria!" -  fala o velho Mulder;  ele está completamente envelhecido,  com o cabelo grisalho,  a fisionomia marcada e olhos embaciados pela idade.

Ele lhe estende a mão,  com ansiedade no olhar.

 

Scully,  porém,  tem um olhar sem compaixão,  sem amor.  Está fria e impassível diante do leito do velho Mulder.

 

"- Disseram-me que  você morreu!" -  ele queixa-se,  quase chorando.

 

"- E acreditou nisso?" -  ela pergunta,  friamente.

Ele lhe dirige um débil sorriso.

 

"- Traidor!  Desertor!  Covarde!" -  ela fala,  insensível ao olhar do velho Mulder que lhe está implorando carinho.

 

"- Como?  Por favor,  eu estou morrendo,  Scully!"

 

"- Você não vai morrer,  Mulder!  Não aqui!  Não numa cama confortável como essa,  com o demônio lá fora!"

 

"- Você não entende!  Ele tomou conta de mim!" -  o velho Mulder retruca.

 

"- Ele enganou você,  para dormir.  E fez você trocar sua verdadeira missão para os confortos do mundo!"  -  continua Scully,  sem demonstrar nenhum sentimento pelo moribundo.

 

"- Não havia missão alguma...  nem alienígenas!...!"  -  ele protesta.

 

"- Não?  Já olhou lá fora,  Mulder?"

 

O velho Mulder volta o olhar,  tentando esforçar-se.

"- Eu não posso.  -  queixa-se ele  -  Estou cansado."

 

"- Não,  Mulder.  Você tem que se levantar para lutar,  especialmente você!  Aqui não é seu lugar.  Levante-se,  Mulder!  Levante-se e encare a luta!"  - fala,  ainda friamente.

 

O velho Mulder está arfante e chora no leito;  segura a mão de Scully.

"- Scully!  -  chama aflito  -  Scully!"

 

Ele  olha e nada mais vê.

Somente vê o vazio do frio quarto do hospital.

 

Cena 8 

Na realidade,  Scully está entrando agora no quarto onde encontra-se Mulder.

Ele está deitado,  imóvel,  olhos abertos e olhar fixo.

 

Scully toca-lhe na testa com os dedos.

Chega bem próximo a seu rosto.

"- Mulder!  -  fala suavemente  -  Você tem que acordar!  Eu tenho que tirar você daqui,  Mulder.  Está entendendo?"

 

Num flash,  o velho Mulder grita.  Há desespero no seu semblante.

No semblante do verdadeiro  Mulder há um leve movimento.

 

Scully abre um sorriso de alívio por vêr um sinal de vida nele.

"- Você tem que se levantar!  Não sei quanto tempo ainda temos!  Tem que se levantar!  Mulder!"

 

Noutro flash o velho Mulder volta a gritar e a fazer um semblante de dor.

 

"-Ninguém pode fazer isso,  a não ser você! -  fala Scully,  com o rosto bem próximo ao dele  -  Mulder,  ajude-me!" -  começa a chorar.

Uma lágrima de Scully cai sobre a face inerte de Mulder.

"- Por favor,  Mulder!" -  ela encosta o rosto sobre o peito dele,  chorando.

 

Mulder movimenta os olhos fechados.

Abre os olhos a seguir;  abre os lábios um pouco.  Tenta falar algo e olha para ela.

 

Scully levanta o rosto molhado de lágrimas.

 

"- Ah,  é  você!  Me ajude!" -  balbucia ele.

 

Scully soluça e abraça-o,  amorosamente.

 

Mulder consegue forças para agarrá-la e encostá-la  contra seu peito.

 

Cena 10  

Uma semana depois.

Scully chega ao apartamento 42.  É o de Mulder.  Bate à porta.

 

Mulder abre a porta.

Traz uma atadura na cabeça e está usando um boné.

"- Scully,  o que faz aqui?  Eu estava...  acabando de me arrumar...  eu ia ver você mas...   -  olha para a gravata desatada no pescoço  -  ...não encontrei uma gravata que combinasse com meu boné."

 

"- Mulder,  não pode!" -  ela fala,  decidida.

E após essa frase,  Scully vai logo retirando-lhe o boné,  e puxando-lhe a gravata.

 

"- Pera aí!" -  ele protesta,  tentando impedi-la  -  Não puxa não!  -  pede sorrindo.

 

Scully também sorri.

 

"- Sabe...  eu...  -  Mulder respira fundo  -  ... estava indo lá para te dizer que Albert Hosteen está morto.  Ele morreu ontem à noite,  no Novo Médico...  ele estava em coma há duas semanas...  ele não poderïa    ter ido ao seu apartamento."

 

"- Ele estava lá!  Nós rezamos juntos!" -  afirma Scully,  espantada.

 

Mulder assente,  levemente.  Não deseja contestá-la.  Aperta os lábios.

 

"- Eu não acredito.  Não acredito!  É impossível!" -  diz Scully.

 

"- É mais impossível do que você viu na Africa ou o que viu em mim?"

 

Scully abaixa a cabeça,  perturbada.

"- Eu não sei mais no que acredito."

 

Mulder aproxima-se mais de Scully.

 

"- Estive tão determinada a achar uma coisa para salvá-lo,  alegaram que havia e agora eu não sei,  eu não sei...!  -  ela chora  -  eu não sei qual é a verdade...  eu não sei a quem ouvir,  não sei em quem confiar."

Ela chora,  enquanto Mulder a fita,  contristado e terno.

 

"- Diana Fowley foi encontrada assassinada esta manhã." -  informa  Scully.

 

Mulder a fita.

 

"- Jamais confiei nela,  mas ela ajudou a salvar a sua vida,  tanto quanto eu!  -  continua e chora ainda  -  Ela me deu aquele livro e a chave dela foi que me levou até você..."

 

Abraçam-se com calor e Scully ainda chora.

 

"- Scully,  eu já fui como você.  Eu não sabia em quem confiar...  escolhi outro caminho,  outra vida,  onde encontrei a minha irmã...  embora o meu mundo fosse irreconhecivel e eu estivesse perdido...  uma coisa permaneceu

 igual...  você é minha amiga,  mesmo quando o mundo esteve desmoronando.  Você foi o alicerce e até a minha vida mudou."

Ele segura o rosto de Scully entre as mãos,  enxugando-lhe as lágrimas com os dedos polegares,  docemente.

 

"- E você mudou a minha..." -  ela diz.

Scully beija-o intensa e demoradamente na testa,  passa os dedos sobre o rosto dele,  afagando-o,  leva os dedos delizando-os até seus lábios,  num imensurável carinho.

Afasta-se,  então,  para se retirar.

 

Mulder fecha os olhos,  pensativo.

Um leve sorriso de paz interior e ternura apresenta-se em seus lábios.

 

Nota

Está na cara  [dele] que essa última cena retrata todo o desejo que ele teve de que ela continuasse com aquele gesto terno e amoroso e completasse o ato mais certo do momento que era um daqueles beijos...! Que nunca foram

 trocados!  [Infelizmente!]